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quinta-feira, 19 de julho de 2012

DESABAFO E REVOLTA DE UM MÉDICO-CIDADÃO

Sou médico há 35 anos na especialidade de ortopedia e traumatologia, já trabalhei no Pronto
Socorro de Maceió por 20 anos e o desrespeito ao ser humano naquela época, já era um caos
total.
Na sexta feira passada, fui solicitado por um paciente internado no Pronto Socorro de Maceió, para que fosse providenciada a sua transferência para um hospital particular, então tive que me deslocar para o referido hospital e aí a grande surpresa, gente, eu falei “gente”, tratada como animal e olhe lá, descaso total, verdadeiro campo de concentração, pacientes jogados no chão, literalmente no chão, amontoados de macas com pacientes enfileirados como boi em matadouro, sujeira sem igual, comparada a uma pocilga, assistência zero, mesmo havendo a dedicação de alguns enfermeiros e alguns médicos na tentativa de amenizar aquele sofrimento. É uma vergonha!
Como cidadãos, temos que nos posicionar a respeito deste descaso que é saúde neste Estado. São R$ 300 milhões desviados da Assembleia, R$ 200 milhões desviados da prefeitura, milhões e milhões desviados em projetos superfaturados, helicópteros sendo usados para transportar verdadeiros ratos da nossa sociedade e mais e mais.
Olha, sinto uma grande revolta e o pior de tudo é que não se ouve ou se lê nenhuma nota de repúdio a esse absurdo, estamos falando de vidas, gente, de seres humanos.
Nesses anos todos a que me dedico à Medicina, Maceió não criou um só leito hospitalar, pelo contrário, diminuiu. Casa de Saúde Paulo Neto, fechada, Casa de Saúde São Sebastião, fechada para atendimento ao SUS, Clínica de Fratura, fechada, Hospital Sanatório, Hospital dos Usineiros, Hospital Universitário em crise e com redução do atendimento para os pacientes do SUS. E nossa população passou de 350.000 habitantes para mais de 1.000.000.
Nesses 20 anos, sabe qual foi a solução encontrada pelos nossos gestores? Transferir pacientes politraumatizados para um hospitaleco de Coruripe com superlotação e um atendimento precário, transformando nossa gente em um bando de sequelados, ficando todos dependentes do Estado com benefícios e aposentadorias precoces.
Aumentando ainda mais nossos tributos para que possamos sustentar uma população sequelada por falta exclusiva de uma política pública de saúde, com construções de novos hospitais e com criação de novos
leitos para nossa sociedade.
Fica aqui meu desabafo e protesto quanto à falta de compromisso e ao descaso das nossas autoridades, que banalizam a vida em detrimento ao corporativismo, às falcatruas, à roubalheira.

Atenciosamente,

Sandoval de Arroxelas Nobre

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